No último sábado dia 19 de junho o Teatro Estadual de Araras-SP – Maestro Francisco Paulo Russo recebeu a peça O Amor e Outros Males Hereditários. A peça é uma adaptação de três contos do escritor mineiro Murilo Rubião e foi encenada pelo Grupo 3 de Teatro composto pela atriz global Débora Falabella, Mauricio de Barros e Rodolfo Vaz como ator convidado. O espetáculo teve direção de Yara de Novaes e produção de Gabriel Fontes, fundador do grupo. O conto que abriu a peça foi “O contabilista José Inácio” e traz Débora Falabella como José Inácio contando dos amores mal sucedidos de seus antepassados contabilizando os custos de cada amor. O segundo conto Três nomes de Godofredo é sobre a história de um marido que simplesmente esquece quem é sua mulher, mostrando a solidão e a rotina do casamento.O ultimo conto chamado “Barbara” é divertidíssimo e conta a história de um marido que realiza todos os desejos insólitos e inatingíveis de sua mulher que passa a engordar a cada desejo realizado. A adaptação do texto ficou é de Silvia Gomez. Os cenários ficaram por conta de André Cortez e a trilha sonora por Morris Piciotto. A produção ainda conta com o iluminador Fábio Retti e o figurinista Fábio Namatame. A sessão foi lotada e teve como principal patrocinador a Companhia Muller de Bebidas.
Opinião Inteirados
Há tempos eu não via uma peça com um texto tão inteligente e envolvente. O começo do espetáculo deixa algumas lacunas e dúvidas. Confesso que demorei pra pegar o fio da história, mas no segundo conto tudo se esclarece de forma mais concreta. Em O contabilista José Inácio a presença do telão ,com o contabilista mostrando seus supostos ancestrais, arrancou os primeiros risos da peça com imagens de Debora Falabella de bigodes. A bela atuação da polivalente Débora Falabella esbanja versatilidade e riqueza de figurino que deixou a atriz careca parecendo um pequeno homemzinho. Destaque também para a trilha sonora que explorou bem a sonoplastia com barulhos inusitados. O segundo conto Três Nomes de Godofredo mostra um marido que aparentemente perdeu a memória esquecendo quem é sua mulher. O conto demonstra a difícil rotina do casamento e a solidão de uma convivência mal resolvida com acessos dos ciúmes intermináveis do marido. Já no terceiro e derradeiro conto chamado Bárbara, a peça atinge seu auge. Risadas e amor cortês pontuam a história de Barbara que inferniza a vida do marido com seus desejos impossíveis e insaciáveis. A cena mais engraçada da peça se desenvolve com Bárbara colocando um vestido que vai se enchendo de ar através de um aspirador de pó(muito criativo), deixando a atriz extremente gorda. O realismo fantástico se mostra latente nos pedidos insólitos que mulher faz ao marido. O mar, uma arvore enorme dentro da sala e por fim uma estrela longingua são alguns desses pedidos. É a total expressão do que um homem pode fazer por quem mais ama, e por parte da mulher a total indiferença à existência do pobre coitado. Saí da peça com o pensamento de que o amor é abrangente, hereditário e cheio de variantes possíveis. O amor se desprendeu na peça de seu sentido romântico e perfeito. Para quem foi ver Debora Falabella interpretando textos de folhetim barato das novelas globais se decepcionou e não entendeu nada. Era visível a falta de risadas em algumas tiradas e piadas cheias de humor inteligente e feitas por atores interpretando o ótimo texto de um autor brasileiro que merece ser mais reconhecido. Não cheguei a ler os contos e fiquei muito interessado em Murilo Rubião. Corri pra casa e pesquisei em seu site sobre outras obras, como, por exemplo, a casa do Girassol Vermelho ( nome bem psicodélico por sinal), O ex-mágico, O homem do boné Cinzento, dentre outros livros todos de contos. Confiram no site abaixo mais informações sobre o autor:
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