Tenho escutado bastante o trabalho de três Marcelos, que andam fazendo o que há de melhor no rock nacional na atualidade. O primeiro Marcelo dispensa comentários. Líder da messiânica banda Los Hermanos, o compositor está consolidando sua carreira solo e já prepara o novo disco, ainda sem título, pra abril desse ano. O primeiro disco "Sou" , pelo menos ao meu ver, não empolgou tanto. Em seu Facebook, Marcelo disponibilizou um trecho da nova música de trabalho, e em ouvir apenas um minuto da canção, senti que ele voltou às velhas raízes "hermânicas". Quanto ao segundo Marcelo, esse tem uma história e tanto como músico e compositor. Trabalhando pelas beradas e nos bastidores, Marcelo Jeneci já trabalhou como músico de apoio de vários artistas de renome como Chico César, Arnaldo Antunes e Vanessa da Mata, com quem compôs o sucesso "Amado". O álbum "Feito pra Acabar", que saiu em 2010, celebra o começo da carreira do acordeonista como compositor, tratando as canções com muito esmero. Algumas músicas remetem de cara aos Los Hermanos como "Copo d´água" e "Café com Leite de Rosas". A produção do álbum ficou a cargo de Kassin, produtor que já trabalhou com os Hermanos e também Adriana Calcanhoto. O diferencial do disco ficou mesmo pro final, com a canção "Feito Pra Acabar". Com melodia doce e belo arranjo de cordas, a música foi composta em conjunto com José Miguel Wisnisk, compositor e professor de literatura da USP. A letra é belíssima e diz muito sobre o ser humano insaciável e incompleto. Pra terminar a saga dos "Marcelos" termino comentando um pouco sobre Marcelo Campello. O violinista contribuiu e muito pra os primeiros trabalhos da banda pernambucana Mombojó. O disco "Nadadenovo" foi a grande promessa independente em 2004 e tem músicas inspiradas também em Los Hermanos, contendo um pouco mais de virtuosismo nos arranjos. A música "O Mais Vendido" remete a psicodelia do final dos anos 60, como também a forte influência do quase homônimo Marcelo Camelo. Há um fato engraçado que ocorreu em uma entrevista com o Los Hermanos, em que uma repórter da Globo, insiste em chamar o Marcelo Camelo de "Campelo". Mas atualmente as semelhanças entre eles ficaram apenas no nome. Marcelo Campello, após sua saída do Mombojó em 2008, tem um trabalho voltado para o violão instrumental, em uma série chamada Projeções. No Trama virtual dá pra conferir um trecho de cada música. Realmente é bem diferente de Mombojó, tendo as músicas tocadas todas com violão de sete cordas, lembrando às vezes algo como André Geraisatti e Baden Powell.
Seja na música ou no nome, dadas as devidas semelhanças e diferenças, é evidente que Marcelo Camelo e os Los Hermanos mudaram o conceito de se fazer rock misturado com MPB no Brasil. Porém Marcelo Jeneci e Marcelo Campello provam que vieram pra dar sua contribuição e encher o balaio de diversidades que existe na música brasileira. Que venham mais "Marcelos"
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