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O ócio juvenil


Tenho reparado bastante na molecada de 10 a 15 anos, e me atentei a um detalhe bem curioso. Vejo o numero de gordinhos aumentando a cada ano. Lembro-me que quando estava na escola primária, os gordinhos eram a minoria, e sempre serviam de motivo pra chacota e riso. Nas aulas de educação física era corriqueira a famosa escolha dos times pra pelada escolar, e os gordinhos eram sempre os últimos a serem escolhidos. Recordo, com certo saudosismo inocente, que as brincadeiras na escola e fora dela eram totalmente atléticas. Eu andava muito de bicicleta pra todo canto, ia pra casa de amigos carregando meu campo de botão a pé, dentre outras atividades que exigem o mínimo de esforço físico. E é claro, jogava futebol com freqüência e nunca reclamava de cansaço ou dores. Tendo por base a minha fase escolar até o 1° grau, lembro-me de ter tido uns três ou quatro amigos no máximo, que estavam um pouco fora do peso. Mais mesmo os mais gordinhos, viviam correndo de pega-pega e esconde como todo mundo. Essa semana fazendo minha visita diária ao Twitter, que às vezes engorda a tela do meu PC com noticias e mais informações de tudo que é lado, no meio de uma miscelânea de palavras, um post me chamou a atenção. Em matéria curta no site do Estadão, foi constatado que os adolescentes brasileiros estão acima dos padrões internacionais de peso saudável. A pesquisa foi realizada em 43 escolas públicas e privadas de cinco regiões da cidade de São Paulo e entrevistou 8.020 estudantes. O índice de massa corporal dos adolescentes está acima dos padrões internacionais, contando com um dado curioso que aponta que os meninos estão mais obesos que as meninas. O estudo concluiu que 25,6% dos adolescentes estão com sobrepeso ou obesidade sendo que a prevalência desse quadro em escolas públicas é de 23,13%, enquanto que nas escolas particulares esse número chega a 33,2%. A pesquisadora Maria Aparecida Zanetti Passos, do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que a obesidade atinge uma população cada vez mais jovem, e é grande o número de adolescentes brasileiros com IMC acima de 25 (entre 25 e 30, é considerado sobrepeso e, a partir de 30, já se atingiu um nível de obesidade). "A vida moderna e o sedentarismo criaram hábitos alimentares que causam esses resultados. Hoje o estudante vai para a escola com dinheiro, e as lanchonetes oferecem uma quantidade enorme de frituras, refrigerantes e outros alimentos calóricos. O adolescente está sempre com um refrigerante ou um salgadinho na mão", avalia Maria Aparecida. A matéria ressalta os hábitos alimentares como culpados da obesidade, mas acredito que o problema não para só nesse ponto. As atividades cotidianas dos jovens de hoje estão migrando todas para o computador provocando um ócio juvenil sem precedentes. Todo o esforço que o jovem despende está ligado ao trabalho intelectual e mental. Sem contar que socialmente a vida do adolescente fica restrita a escola, van e casa. A maioria das crianças, principalmente as de classe média e alta, pouco se arrisca a desenvolver as brincadeiras consideradas já antigas como pega-pega ou esconde e esconde. Tudo praticamente se mudou pra dentro do mundo virtual dos games e jogos de internet. Será que estamos frente a uma futura geração relegada ao ócio preguiçoso? Cada vez mais vejo jovens com dores na coluna e visão. Outro dia mesmo vi num telejornal que aumentou o número de cirurgias bariátricas para jovens de 15 a 20 anos. Tenho medo dessa geração apática e amorfa que se mostra cansada e apática. 

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